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Vive o presente

"Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho."


Fernando Pessoa


Vive o presente! Não o ontem, nem o amanhã.


Vamos parar um pouco e refletir. Todos sabemos, interiorizarmos e verbalizamos que o nosso tempo é precioso. Quantas vezes ouvimos a expressão "o tempo vale ouro"?

Se assim o é, já pensaram quanto tempo do nosso dia "perdemos" a pensar no nosso passado? "Porque é que eu fiz aquilo..."; "Se eu sabia não fazia assim...". Para quê investir o nosso tempo nestes pensamentos? O que é passado, é passado, não o podemos alterar, temos que o aceitar e perceber que ele só nos trouxe experiências, vivências e sobretudo aprendizagem.


E quanto ao futuro, quantos vezes "perdemos" o nosso tempo presos a expectativas sobre o que está por vir? Sejam expectativas relativamente a pessoas, a bens, a projetos de vida. Porquê? Eu, no agora, não posso prever o que vai acontecer e se vivo presa ao que aí vem, não vivo o agora, não usufruo da minha vivência atual, vou sobrevivendo agarrada ao que poderá ser o amanhã.


Assim, uma forma de viver em comunhão com a felicidade, é viver o presente, o agora, é usufruirmos de cada momento do nosso dia, é tirar partido de cada detalhe. É apreciar o sorriso das pessoas que amamos, é a aproveitar o pequeno almoço em família, é usufruir do café que estamos a tomar, é apreciar a viagem para o trabalho ao som da nossa música preferida, é apreciar o livro que estamos a ler, é interiorizar aqueles abraços que recebemos diariamente, é tirarmos partido de todos os pequenos processos do nosso dia e deixar que os mesmos fluam naturalmente.


Nesta fase em que vivemos, em que, devido à situação pandémica, temos que passar mais tempo em casa, isto torna-se ainda mais importante e evidente. Temos que apreciar o nosso dia, mesmo que seja passado na sua totalidade dentro de quatro paredes.


Não quero com isto dizer que não devemos planear a nossa vida, só não podemos deixar que esse planeamento altere o meu bem estar diário, a minha qualidade de vida. Se eu tenho um sonho, devo batalhar para o alcançar, o que seria de nós sem sonhos? Mas temos que tomar consciência que estamos a construir esse sonho neste exato momento, no agora. Esse sonho tem que ser construído sem ser o fim por si só, mas tem que ser uma simbiose entre o dia a dia de construção do mesmo e a obtenção do objetivo final.


Dou-vos alguns exemplos.

Quando estava a internada, a tentar aguentar o máximo de tempo possível para o meu filho se desenvolver dentro de mim, cada dia era um desespero, estar 24 sobre 24 horas deitada numa cama, com alguma privação de movimentos, era um suplício. Uma forma se eu conseguir que este dias fossem melhores, foi assumir e apreciar no meu dia cada momento. Quando conseguia tomar um banho quente e relaxante, quando me ligavam ao CTG e eu podia ouvir o coraçãozinho do meu filho, quando podia conversar com os simpáticos profissionais que ali trabalhavam... e assim a minha jornada de 2 meses no hospital tornou-se muito mais agradável!

Outro exemplo que posso partilhar, está relacionada com a construção da minha casa. Todos sabemos que construir uma casa é um longo processo e, como se costuma dizer, "traz muitas dores de cabeça.". Construir uma casa é para nós, de facto, um sonho e inicialmente vivia focada diariamente nisso, com pensamentos como "E quando vão aprovar a licença de construção?"; "Quando é que o construtor inicia a obra?"; "Será que tenho dinheiro para todo este processo?"...até que me percebi que isto estava realmente a consumir-me, a ocupar demasiado o meu espaço, a gerar discussões, a criar desentendimentos...e pensei "Não, eu não posso deixar que isto aconteça...", isto é um bem material, que eu quero obter, mas será que eu preciso disto para ser feliz, eu preciso disto para viver? Não, eu poderia perfeitamente viver sem isto, por isso vou deixar o processo fluir no seu tempo, de acordo com as possibilidades e profissionais envolvidos. E assim foi, a casa está em construção, é efetivamente um sonho, mas já não ocupa mais grande parte dos meus pensamentos diários e percebi que assim, contra todas a dificuldades possíveis, estou a usufruir do processo de construção e a apreciar a evolução, de dia para dia, daquilo que será o culminar de um sonho.


Temos assim que Viver o hoje, o aqui, o agora, deixar fluir e sair da inércia do passado e do futuro.


A escolha de como viver é apenas nossa, e viver no presente é um exercício diário. Se o praticarmos, sentimo-nos mais leves, com a menta mais liberta, tomamos decisões com mais clareza, temos mais disposição para estar bem connosco e com os nossos, devolvemos pensamentos mais positivos, mais alegres.


Cada dia será único, uma vitória, uma conquista!







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